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Na postagem anterior, foi discutida a história do Diabetes, da descoberta da insulina, e dos equipamentos utilizados para a sua administração. Mas isso é apenas uma parte da história. Também são extremamente importantes os medidores de glicemia, utilizados no dia a dia de pessoas portadoras de diabetes no mundo afora.

Desde que se conhecem as causas do diabetes, tentam-se encontrar métodos para quantificar a glicemia. Entre os séculos XIX e XX, procurava-se uma forma de medir a presença de glicose na urina – um dos principais indicadores históricos do diabetes. Isso foi conseguido em 1908, quando se descobriu um reagente a base de cobre para glicose que mudava de cor com base na concentração desta última.

Contudo, medir a glicemia por meio da urina tem algumas desvantagens. O teste tem uma certa variabilidade, assim como a própria concentração de açúcar excretada. Além disso, a glicemia mínima para ser possível detectar glicose na urina já é elevada, de modo que é necessário um controle mais fino. Por isso, conforme foram sendo desenvolvidos tratamentos melhores para o diabetes, a medição direta do açúcar no sangue mostrou-se necessária.

Os primeiros medidores de glicemia começaram a ser produzidos no meio dos anos 1960, mas não eram ainda muito precisos e normalmente não eram usados pelo próprio paciente, sendo necessária uma consulta médica. Ao longo dos anos 1970 e 1980, à medida que se conseguiu maior conhecimento eletrônico, foram desenvolvidos aparelhos de uso doméstico e que necessitavam de menos sangue para fazer a medição.

O princípio básico de todos os testes acima continuou o mesmo – uma fita contendo um composto químico reagente absorve o sangue, e esse composto reage com a glicose sanguínea, resultando em uma coloração variada, a depender da concentração. A cor obtida era então comparada com os valores de laboratório, permitindo determinar uma faixa de concentração.

Isto começou a mudar no final dos anos 1980, quando começaram a surgir novas técnicas de medição, como fitas eletroquímicas, que medem a velocidade de uma corrente elétrica pelo sangue, ou o teste HbA1c, que mede a concentração de hemoglobina glicada (isto é, hemoglobina ligada a glicose), proporcional à glicemia. As agulhas também começaram a ficar mais finas, de modo a reduzir a dor.

Por volta de 2000, aconteceu uma nova revolução: o surgimento de aparelhos de medição contínua. Até aqui, todos os aparelhos medidores de glicemia eram de uso único, feito em momentos específicos por um médico ou pelo paciente. Nesse momento, tornou-se possível fazer a medição automática, periodicamente ao longo do dia, por meio de um aparelho que permanece conectado ao paciente. 

Estes aparelhos têm diversas vantagens, como poder alertar o paciente sobre a ocorrência de episódios de hiper ou hipoglicemia, para que ele possa fazer o controle adequado e evitar maiores consequências. Além disso, os aparelhos de monitorização contínua evitam a necessidade da testagem frequente pelo paciente, prevenindo que este esqueça de medir a glicemia com regularidade, além de reduzir o desconforto com as várias picadas diárias dos dedos.

Por fim, outra enorme vantagem dos aparelhos de monitorização contínua é a possibilidade de integração com bombas de insulina. Desde 2006, existem aparelhos de monitorização que conseguem enviar os dados para uma bomba de insulina, que pode então calcular a dose exata de insulina necessária e administrá-la automaticamente, sem precisar da intervenção manual do paciente. Isso tem permitido sistemas que funcionam quase como um pâncreas, e que continuam sendo aprimorados com o avanço tecnológico. Hoje, esses aparelhos, inclusive, transmitem os dados diretamente para o paciente ou para o médico, de modo que estes possam ajustar precisamente o tratamento.

Nos últimos 50 anos, a qualidade de vida de pessoas portadoras do diabetes por todo o mundo aumentou drasticamente. Uma doença que, desde o advento da civilização, era sinônima à morte precoce, é, hoje em dia, tratável, e os seus portadores têm uma sobrevida praticamente normal. Tudo graças ao contínuo progresso tecnológico e um melhor cuidado por médicos e outros profissionais de saúde dedicados ao estudo do diabetes.

Referências:

diabetes.org

professional.diabetes.org

ncbi.nlm.nih.gov